quinta-feira, 3 de abril de 2014

Desprezando a Razão

A razão no sentido de quem está certo.
Simplesmente sou assim. Desde que me entendo por gente e agradeço a quem de mérito for por essa qualidade que só me pôs em situações pacíficas e compensadoras.
Fui educada a nunca estar certa. Se você pisa no meu pé, eu certamente vou te pedir desculpas. A culpa é minha que estava com ele na frente.
E assim cresci com essa mentalidade do "deixa disso". Por vezes já quis voar em cima de alguém mas passou...no choro, no grito, no cigarro, nas caminhadas, nos desabafos sem fim.
Minha filha, com pouco mais de 7 anos, me perguntou por que a moça da novela, tão baixinha, reagia e brigava com o vilão e eu, que era tão grande, não conseguia reagir ( no caso, à uma situação específica que ela testemunhou na época).
 Fiquei sem resposta mas foi assim que vivi essa vida inteira e devo dizer que todas, TODAS  as vezes em que saí desse modelo passivo e silencioso e levar desaforo pra casa, me ferrei.
Por um tempo também quis ser barraqueira no melhor estilo...sei lá quem. Gostava daquelas pessoas com respostas na ponta da língua, que botavam pra quebrar...mas quando chegava a minha vez, eu calava.
Hoje, quarenta anos de pura simpatia...ah, devo dizer que não reajo mas faço uma cara...que mais valia mandar a pessoa tomar naquele lugar...minha cara é insuportável...mas voltando: hoje ouvi mais uma daquelas que descem quadrado pela goela e muda, continuei com meu brinde embaixo do braço. E sobrevivi.
Sabe quem estava do meu lado? Minha filha, agora uma moça, de personalidade e de quem muito me orgulho, pelos seus tracinhos adolescentes de revolta mas deixando florescer uma personalidade marcante. Ela notou discretamente e entendeu meu silêncio. Mas registrei, por experiência própria e tentando passar como lição, que não vale à pena ter razão. Melhor ficar em paz.
Que fique claro que não fervo à noite remoendo nada mas me sinto patética ainda, idealizando essa pessoa que responde ali na lata. Só no ideal mesmo.
A minha classe e o meu silêncio me dão mais do que qualquer barraco...e ainda ganho brindes. Parece que é passaporte para um monte de gente que vem intencionalmente exercer a sua perversidade: dá um brindezinho antes de meter o malho. Brinde pode ser elogios ou presentes...isso ameniza a culpa de quem fere e ainda serve de defesa, caso a "boazinha " em questão resolva explodir. Algo como: nossa, estou aqui de tão boa vontade, fazendo isso, dando aquilo...viu como ela é?
Acho graça.
Continuo em silêncio, com a minha classe, meus brindes e minha paz de espírito pois aonde quero chegar é na lição mesmo de que mais vale ficar quieta, deixar quieto, do que igualar-se àquilo que não te pertence. Embora cruze seu caminho...claro, para te fazer exercer, praticar essa arte que é de poucos. A arte de deixar barato não porque é trouxa mas porque é NOBRE.
Isso deve doer mais do que qualquer tapa na cara.
Beijos nobres para todos....em paz.

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